terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quando um assunto paira no ar


Um assunto que paira no ar não surge do nada.
Ele veio de algum lugar.
Eu não sei por que estamos falando disso...!”
Então pense.
Pense, por que esta será a sua melhor descoberta.
Quando um assunto paira no ar, ele veio de algum lugar.
“Não sei por que estamos falando disso agora...!
Então pense. De novo.
Você está quase lá.
“Mas eu não faço a menor idéia. Só sei que eu não concordo com você. Você está 'viajando'...!”
Será que a sua “viagem” move seus dedos, seu corpo e a sua voz?
Acho graça. Muita graça!
“Ainda não entendi por que estamos falando disso até agora....”
Então pense.
Pense, por que esta será a sua melhor descoberta.
E quando descobrir...
Ah!
Quando descobrir...vai achar graça.
Muita graça!
Mas só ela não te bastará.

sábado, 22 de setembro de 2012

A vítima-algoz


O vitimismo mata. Mata, aos poucos, por asfixia.

Toda vítima é algoz. Algoz de si mesma.

Sabotador interno e cruel – próprio daqueles que abandonam o amor e que costuram as feridas do coração com grossos fios de indiferença.

Somos algozes de nós mesmos, quando não amamos mais.

domingo, 16 de setembro de 2012

Ouroboros

Como funciona minha cabeça muito louca:

Às vezes acredito que tudo é uma questão de agora. Não sei o que virá e não acredito no passado. Dúvido que exista “após” e que existiu “antes”. Muita loucura, mas às vezes penso isso. Então, de repente, sinto saudades de coisas que vivi. E, quando isso acontece, às vezes penso: isso não existiu, porque ‘antes’ não existe. E aí fico pensando: será que minha vida é toda imaginada? Fruto do delírio de uma mente doentia? Vasculho minhas coisas atrás de fotos e de mínimas evidências. Encontro.  A dúvida morre, mas a saudade aperta muito, muito mais.

Aí vem aquela época em que quero viver tudo com intensidade. Sinto saudade por antecipação. Tento viver os mínimos detalhes. Quero compreender para apreender.

Depois passo àquela época em que acho que tenho certeza de tudo (ou quase tudo). Quando minhas deduções parecem corretas e que seguir minha intuição é o melhor caminho.

 Até eu errar.

Quando eu erro o mundo inteiro parece o erro. Parece que apertei algum botão errado. Pisei no pé da vida ao fitá-la nos olhos. Não tenho culpa, não danço. Não sei dançar. Fazer o quê?

Desespero. Amendontro. Escondo e me canso de esconder.

Respiro.

Hora de retomar.



Paro tudo. Respiro. Olho. Respiro de novo. Solto o controle. O alívio vem. O desespero se afasta. Aos poucos. De longe, parece um turbilhão de pensamentos aletórios frutos da bebedeira de uma noite ruim.

Pronto. Melhor agora.

Recomeça a dança.
Com um sorriso, o mundo inteiro se abre.
Tudo  se acalma (exceto o dêmonio que me atormenta e que insiste em dizer: “pode ser de outro jeito. Pode ser de qualquer jeito”).

Pisei no pé da moça.

Será que sei dançar?
Se sobesse não perguntaria.
Não, não sei.
Merda.
Desespero. Reflexão. Calma. Calma. Acalme-se, PORRA.
Merda.


Foda-se.

….

Respiro.
Recomeço.

De porra nenhuma

Quando tinha 11 anos comecei a desenhar. Acreditava que um dia poderia desenhar as histórias dos meus heróis favoritos.  Eu realmente achava que um dia me tornaria editor-chefe da Marvel comics – ou  um grande roteirista e/ou desenhista daquelas histórias que tanto gostava. Secretamente, acreditava que um dia poderia me tornar um daqueles heróis. A vida real me parecia pacata e uma grande espera pelo dia em que conquistaria meu lugar ao sol.

Cresci fantasiando, criando e encontrando desvios dos percalços da realidade crua através dos produtos de minha imaginação. Quanto de realidade realmente cabe numa única perspectiva? Até onde a realidade comanda os sentidos? O mundo é ruim ou estou de mau humor?

A imaginação se transformou em filosofia de boteco e entretenimento de domingos e fim de noite.

“Você é tão inteligente!” - falta de reação. Sou? Será? Não sei. É verdade o que digo ou é só filosofia barata? Quanto de realidade perpassa um olhar até seu objeto de observação? Quanto de realidade existe na reciprocidade de um olhar? Seria o amor esquizofrenia a dois ou apenas palpitação causada pelas reações químicas da produção de hormônios em excesso de um organismo só?

O que é fruto do desejo torna-se realização imediata no contato com o que se deseja?

ARRGGHHH!!!

Filosofia em excesso. Falta de corpo. A vida pede mais. Não sei. Porra nenhuma!: minha resposta definitiva pra qualquer coisa.

cogito lameriano : não entendo, logo existo.


sábado, 1 de setembro de 2012

Rascunho imperfeito de uma salvação lucida

A indignação generalizada contra tudo e todos, como muitas pessoas o fazem agora, só gera violência verbal e angustia, aumentando ainda mais nossa indignação que, sem um alvo pré-determinado, explode dentro de nós e nos atordoa, impedindo que possamos enxergar com clareza quais são os nossos aliados e oponentes nas causas pelas quais lutamos e defendemos (os diversos ataques despropositados que vemos todos os dias nas redes sociais mostram-se como uma clara evidencia disto). Assim, a indignação que é movida somente pela paixão de se indignar torna-se cega e emudece – tal qual as forças que ela mesma se propõe combater. É como, de certa forma, o brado dos grandes guerreiros que une os murmúrios dos fracos e oprimidos, mas que posteriormente, ao instaurar-se como condição definitiva de liberdade e igualdade, torna-se o principal opressor.

Por isso, no meu ponto de vista, o principal problema dos discursos igualitários ainda é tentar criar coerência entre o sujeito simbólico a que sua causa defende e as diversas pessoas que constituem o seu movimento que, diferentes de um personagem de uma tira em quadrinhos, não são acabados em si e tem por principal caracterísca da condição humana, fazerem a si mesmos em cada uma de suas ações e escolhas, podendo ou não ser coerentes com seus discursos passados e suas escolhas de outrora. Desta forma, a nossa indignação de agora é contra as escolhas que nós mesmos fizemos no passado. O discurso que nos liberta hoje é o mesmo que nos oprime amanhã e isso nos angustia e então nos rebelamos – contra nós mesmos. De tudo isso, fica claro o fato de que somos incoerentes e inconstantes e que, se é justamente isso que nos torna humanos, talvez seja isso que devamos aceitar. Então, da próxima vez que se indignar, deixe de criticar o que não vale a pena ser criticado e se indigne e lute por uma causa que seja aquela que realmente o liberte: a sua.

sábado, 16 de junho de 2012

A certeza como máscara da loucura

            O que é tolice para alguns é a verdade absoluta para outros. Ora somos os “alguns” ora os somos “outros” desta sentença. Isso significa que a  sua mais profunda verdade  pode ser considerada a mais profunda tolice para qualquer outra pessoa.  Por isso não acredito que a máxima “não julgue para não ser julgado” se baseie em algum principio de justiça ou ética, mas em nosso grande  medo de mudanças, pois se aceitarmos que  nossas mais profundas verdades possam ser tolices ou que qualquer tolice possa ser verdade, corremos o risco de nos perder no processo. Afinal, se tudo o que você acredita pode ser derrubado, onde você irá se apoiar quando tudo desmorona? Então a “máxima do julgamento” não parece ter sido feita para ser justa, mas para nos proteger da nossa própria loucura, enquanto nos escondemos por trás de nossas frágeis e patéticas máscaras cotidianas. Afinal, só somos todos iguais até o momento em que buscamos sem medo algum nossa própria autenticidade e encaramos frente a frente a loucura de nossas próprias vidas.

domingo, 22 de abril de 2012

Outono / O silêncio das coisas


            Às vezes os tempos mudam e os planos ainda continuam os mesmos. Sustendando velhas ideias para novos tempos, usamos cores fortes para tempos leves. Andamos rápido e corremos depressa na ausência de compreensão. Continuamos a caminhar quando tudo pede silenciosamente: “pare e observe”.